Dicotômica Belo Horizonte
o sagrado não existe sem o profano
na cidade os conflitos se esbarram
o conservadorismo da mineiridade
e a boêmia belo-horizontina
convivendo lado a lado
Contornando e suas fronteiras
religiosamente herege
tradicionalmente antiquada
a cidade dos botecos
e das rezas
e das rimas
Catarina Ayres
Caixa preta
É pros Tupetudo bater cabeça
É tudo caixa preta
(bis contínuo)
se não te convidam, arrombe
seja ladrão da meia-noite, sorrateiro
vislumbre os interiores, tome o princípio
persevere diante/como sua mãe trabalhadeira
as paredes da sua caixa craniana devem ser mais fortes
que as tenazes paredes das outras caixas
se faça martelo, picareta, outro instrumento
máquina de demolição
para um dia ser inventor
(bis contínuo e descontrolado)
É pros Tupetudo bater cabeça
É tudo caixa preta
(bis contínuo)
– José Paulon