Revista Marimbondo

Luta, voz, e poesia nas ruas

Já era noite no bairro Independência quando pessoas vindas das ruas vizinhas do Barreiro e de tantos outros cantos da cidade de Belo Horizonte juntaram-se na Avenida Carmelita Rocha para um encontro até então inusitado.

A casa 158, localizada na mesma avenida, popular por dar vida ao bar do Zé Herculano, estava atípica aos olhos dos que frequentavam o boteco e se deliciavam com o angu de porco preparado por Dona Helena. A mesa de sinuca que era a principal atração do bar foi convertida numa mesa para expor livros e zines. Em uma das paredes, era possível ver colagens e fotografias, que os mais atentos dariam de notar a diferença. Na parte principal do pequeno bar, um tablado de madeira, produzido dias antes pelo próprio Herculano, ostentava seu encargo de ser palco daquele encontro.

Assim que um número considerável de pessoas ocupou as imediações do bar, o filho de Zé Herculano, Rogério, subiu no palco improvisado e se posicionou diante do microfone. Segurando um celular com a mão esquerda, Rogério anunciou o início da atividade, enquanto os visitantes tomavam prumo para prestar atenção no que se seguia.

– Alô, Sérgio? Aqui é o Rogério!
– Salve, mano Rogério! Como que tá aí?
– Nós vamos começar agora. E por aí?
– Por aqui tá tudo certo, estava esperando você ligar. Deixa eu colocar a chamada pro povo ouvir.

Apesar de Rogério ter telefonado para Sérgio, aquela ligação e o que estava para acontecer adiante não se restringiam aos dois. Eles eram, digamos, duas pontes que uniam os ouvidos das pessoas que estavam no bar do Zé Herculano com as pessoas que estavam ao redor de Sérgio.

– Salve, BH! Aqui é o poeta Sérgio Vaz, estou falando do Sarau da Cooperifa aqui em São Paulo. Satisfação imensa saber que vocês estão começando um sarau por aí.

Dadas as saudações, dois saraus passaram a ocorrer ao mesmo tempo. Conectados pela chamada telefônica amplificada com a ajuda de um microfone, tanto as pessoas que estavam no Zé Herculano quanto as pessoas que estavam no Zé Batidão – onde acontecia, naquela noite, o Sarau da Cooperifa – recitaram poemas umas para as outras. Os versos que eram lançados no Jardim Letícia arrepiavam as pessoas presentes no Barreiro, que devolviam a graça com mais poemas, sendo aplaudidos pelo Sarau da Cooperifa. Quem estava presente no bar de Zé Herculano naquela quarta-feira, 9 de setembro de 2008, não imaginava a dimensão do que estava vivendo: a fundação de um dos mais importantes saraus de Belo Horizonte, o Sarau Coletivoz.

Ao norte de um movimento

Tudo começou um ano antes, em 2007, quando Rogério Coelho, Karla Figueroa e Jessé Duarte, fundadores do Sarau Coletivoz, viajaram para São Paulo para a estreia do Grupo Galpão de Folias. Na época, o trio fazia parte da Companhia Neutra de Teatro, que tempos depois passou a ser chamada de Companhia Crônica. A programação durante aquela semana de estada na capital paulista estava recheada de peças de teatro, encontros com outras atrizes e atores e trocas com companhias e grupos, mas o trio também tinha outro objetivo: conhecer o Sarau da Cooperifa, um sarau de poesia na periferia de São Paulo. Rogério Coelho conta: “naquela semana eu já tinha mapeado que um dia a gente ia no sarau, porque Cidinha [da Silva] já tinha me falado do Cooperifa. Quando a gente chegou lá, a gente pensou ‘poxa, velho, isso aqui é massa! Em plena quarta-feira, na periferia, esse tanto de gente, entra professor, entra menino, entra todo tipo de gente.’”

Aquela surpresa ao presenciar o Sarau da Cooperifa não era leviana. Estamos falando de um dos primeiros saraus de periferia nascido no Brasil nos anos 2000. Ao lado do Sarau do Binho, que acontecia no bar do Binho em São Paulo, a Cooperifa deu início a um movimento que se espalhou por todo país e que fez surgiu centenas de saraus, cada um com suas características territoriais.

Em Belo Horizonte não foi diferente. Desde o início do Sarau Coletivoz até os dias de hoje, mais de 30 saraus foram criados na cidade, a sua maioria concentrado na periferia e na região metropolitana. O mapeamento desses saraus foi catalogado na pesquisa da poeta Camila Félix e publicado no seu livro Atlas dos saraus da RMBH (Crivo Editorial, 2018). Segundo a poeta, o atlas “é um estudo da materialidade da literatura na vida coletiva e um estudo sobre essa outra cidade que surge com os encontros da poesia”.

Sarau ViraLata, Nosso Sarau, Sarau Comum, Sarau das Cachorras, Sarau Terra Firme e Sarau das Lanternas são alguns dos saraus que surgiram ao longo desses 14 anos. Nesse tempo, o movimento de saraus em Belo Horizonte trouxe mudanças significativas para o cenário da poesia e da literatura da cidade, descentralizando os espaços de recepção literária, criando novos ambientes de estímulo à leitura, além de potencializar o surgimento de poetas e criar relações profundas de ocupação da cidade através da produção literária.

Diversos lugares da cidade, como viadutos, escadarias, praças, bares e outros, tornaram- -se palco dessas manifestações, deslocando a literatura dos espaços hegemonicamente dedicados a ela, como bibliotecas, museus, galerias ou casas de artistas e poetas. Segundo Rogério Coelho, a principal motivação para criar um sarau na periferia de BH estava na construção do acesso à literatura: “Uma coisa que eu tinha na cabeça desde o início era de que o movimento cultural na periferia tinha que acontecer para criar acesso. Ele precisava fazer parte da composição urbana, assim como o centro de saúde e a escola fazem. Então primeiro você cria acesso e depois as pessoas do bairro vão decidir se gostam daquilo ou não.”

O acesso criado a partir do surgimento dos saraus e a permanência dessas atividades nos bairros e periferias – o Coletivoz, por exemplo, realiza o sarau todas as quartas, contabilizando mais de 150 edições – permitiram um maior engajamento do público com as atividades. Sobre o acesso, Rogério Coelho declara: “Outra coisa que eu sempre reforcei era a continuidade, era a permanência, porque se tem a permanência, a pessoa sabe que ela pode contar, ela pode até não ir, mas se você cria no bairro algo que é permanente, as pessoas estarão seguras que aquilo vai acontecer.”

Poetas, a poesia falada e a produção literária

Se, no século passado, os saraus eram conhecidos como aqueles encontros noturnos, regados a vinhos e com a presença de pessoas da elite cultural e econômica, os saraus nascidos após os anos 2000 trazem características que apontam mudanças significativas para o cenário literário brasileiro. Segundo a professora e doutora em Comunicação Social Maria Gislene Fonseca, ao retomar a tradição oral da poesia, os saraus de hoje convocam a presença e acionam a dessacralização da literatura. Ela explica que “essa possibilidade do aqui e agora, da produção da presença e da necessidade dela, é uma grande contribuição para a circulação poética de histórias e narrativas. Isso dessacraliza a poesia e a literatura de forma geral. Eu sinto que a literatura é colocada sempre em um lugar sagrado, elitista e erudito e, embora a situação esteja diferente do século XX, saber ler e escrever em nosso país ainda é um privilégio. Enquanto que a participação no sarau pela oralidade prescinde de todas essas camadas de privilégio, você escuta e, aquilo que você não entende pela via das palavras, você compartilha pelo corpo, pelo corpo dos poetas em movimento e pelos múltiplos corpos presentes ali.”

Uma outra característica a ser compreendida está na pluralidade de corpos, narrativas e pessoas que assumem o ofício de serem poetas e escritoras, e é por meio dos saraus que suas literaturas estão sendo visibilizadas. Para Gislene Fonseca, “qualquer pessoa em algum momento da vida leu ou vai ler Machado de Assis, mas, até pouco tempo, a gente não sabia muito bem quem era Machado de Assis. Os livros clássicos de literatura escondiam o rosto e o corpo dele como de um homem negro, principalmente, tanto que até um dia desses a gente teve propaganda com a imagem de Machado de Assis como um homem branco. Então, a literatura baseada na escrita não permite necessariamente essa visibilidade. O que é diferente do sarau, porque quem vai ao sarau precisa da dimensão da presença e, uma vez que o corpo daquela pessoa que faz a poesia está naquele ambiente, a gente consegue reconhecer as características de cor, de identidade de gênero e até a própria performance da poesia. Então os saraus mostram os rostos, dando personalidade e pluralidade a essa literatura.”

Para a poeta Nívea Sabino, que começou a recitar seus poemas no Coletivoz, ver a participação de pessoas comuns, do povo, recitando poesia é motivo de encanto. Nívea Sabino, que foi curadora, em 2019, do Festival Literário Internacional de BH (FLI-BH), com o tema “Do livro à voz: narrativas vivas”, conta: “Quando eu ia pro sarau, em vários momentos eu me pegava chorando com as pessoas que estavam falando (poesia), e me encantava que essas pessoas eram pessoas comuns do bairro, vindas do serviço, e eu pensava: essa pessoa que falou essa coisa tão bonita é uma pessoa comum, eu voltava pra casa rabiscando ou ali no bar eu começava a escrever no guardanapo mesmo.”

Muitos dos saraus que nasceram em Belo Horizonte ao longo desses anos foram responsáveis por fazer surgir diferentes poetas, lideranças políticas, cantores e artistas. Como pontua Nívea Sabino, “essas arenas abertas de poesia falada, esses saraus, aqui em Belo Horizonte, foram um terreno muito fértil, muita gente frequentava os saraus, Áurea Carolina, Michelle Sá, o Djonga estava ali, Kdu dos Anjos, que hoje tem uma articulação muito forte na cidade com o Lá da Favelinha, e tinha o Sarau ViraLata, que era um sarau que arrastava multidões, porque estava na região central e ajudou a popularizar esses espaços”.

Cinco anos depois do surgimento do Coletivoz, em 2013, o Sarau ViraLata estreia suas atividades em formato itinerante, ocupando inicialmente a região central de Belo Horizonte e, no ano seguinte, ocupando regiões periféricas. Segundo a pesquisa de Camila Félix, o Sarau ViraLata ocupou cerca de 44 espaços públicos da cidade e região metropolitana. A escolha desses locais, segundo a poeta Zi Reis, tinha o objetivo claro de ocupar lugares que fossem pouco movimentados ou lugares que eram julgados como perigosos ou inóspitos. Em depoimento no livro Atlas dos saraus da RMBH, a poeta Zi, que foi integrante do Vira-Lata ao lado de Kdu dos Anjos, Hot Apocalypse, Renato Negrão e outras pessoas, traz exemplos desses lugares: “Igual na Praça da Rodoviária que é no centro da cidade e muita gente achava perigoso. A mesma coisa com a escada gigante da Rua da Bahia que a galera achava superperigoso, várias vezes o sarau aconteceu lá, pra ter esse contato, até para o pessoal transitar ali mesmo, para as pessoas se acostumarem com o local.” A relação íntima entre o movimento de poesia falada e a cidade é algo que está exposto não só nos lugares escolhidos para se fazer um sarau, mas, principalmente, nos poemas e na voz das poetas e dos poetas que participam dessas atividades. Quando o poeta e professor João Paiva (!) entoa os versos de Baião do Barreiro – “Barreiro, velho oeste, me visto e ele me veste, é triste, mas nóis resiste na playlist…” –, o que se apresenta é a exposição de uma região geográfica da cidade calcada pelas relações subjetivas e íntimas do poeta com a cidade.

O movimento dos saraus criou a possibilidade de circular por uma cidade transfigurada através da poesia. Para Rogério Coelho, “os saraus permitem conhecer uma cidade transfigurada, as pessoas que estão ali, cada uma é de um lugar, elas estão falando de referências próprias, você pode ter passado milhões de vezes naquele lugar ou nunca ter passado que de alguma forma você vai conhecer essa transfiguração de um lugar, o sarau proporciona um pouco dessa cidade transfigurada, de uma geografia transfigurada. Então em todas as noites de sarau, acontece uma reconfiguração da cidade.”

Os saraus de ontem

Embora estejamos falando do movimento de saraus nascidos em Belo Horizonte após os anos 2000, já na década de 1990, BH viu surgir diferentes grupos de poesia que se apresentavam em bares, ruas e praças da cidade. Vírus mundanus e Panela de expressão do grupo Tripa de Mico Estrela, organizado pelos poetas Jimi Vieira e Júlio Emílio Tentaterra, o projeto Noite da poesia com cachaça, idealizado pelo poeta Ronald Claver, o projeto Beijo com arte, que ocorria no bar Beijo em Santa Tereza, o Primavera de uivos, realizado no bairro Primeiro de Maio, além do projeto Dragões do Paraíso, dos poetas Daniel Costa e Renato Negrão, movimentavam a cidade com apresentações de poesia falada e performances poéticas.

Influenciados pelos poetas marginais da década de 1970, as iniciativas de saraus surgidas na década de 1990 em BH tinham como objetivo não só impulsionar a poesia falada em ambientes da cidade, mas experimentar a poesia em diálogo com outras linguagens, como o teatro e a música, além de veicular a poesia em diferentes suportes, que não só o livro.

Naquela época, havia casas de artistas de diferentes linguagens que estavam influenciados pela Somaterapia e por princípios anarquistas trazidos pelo escritor Roberto Freire, autor de livros como Ame e Dê Vexame e Sem Tesão Não Há Solução. Essas casas eram responsáveis por noites culturais na cidade e foi através daqueles encontros com diferentes artistas que Renato Negrão e Daniel Costa, os Dragões do Paraíso, passaram a organizar um sarau no bar da Inês, localizado no bairro Paraíso, zona Leste de Belo Horizonte. Renato Negrão relembra: “A gente começou a fazer saraus lá no bar da Inês e começou a lotar, porque a gente conhecia muita gente. Dona Inês gostou da proposta e já era um sarau interativo, porque tinham muitos artistas, fotógrafos, cineastas, bailarinos, percussionistas. Então a multilinguagem sempre esteve presente, e a gente tinha isso muito forte de experimentação da poesia.”

Jovino Machado, poeta nascido em Montes Claros e que passou a morar em Belo Horizonte em 1987, nos conta que, na virada da década de 1980 para 1990, boa parte da comunicação com poetas de outros lugares se dava por correspondência. Ele lembra que, naquela época: “A gente se comunicava através dos Correios, por carta. Eu trocava muitas cartas com outros poetas e artistas, troquei com Glauco Mattoso, com Leila Míccolis, era assim que a gente ficava sabendo sobre os eventos de poesia no Rio e em São Paulo.” Questionado se já participou de algum desses saraus criados depois dos anos 2000, Jovino Machado responde com entusiasmo sobre a importância desses espaços: “Sim, eu participei de alguns saraus, já fui no Sarau das Cachorras e já lancei meu livro no Sarau Comum, no Estrela. Esses saraus são muito importantes porque a gente acaba conhecendo diversos nomes da poesia, troca livros e sempre é uma nova descoberta”.

João Paiva foi campeão do SlamBR (Campeonato Brasileiro de Poesia Falada) em 2014 e representou o Brasil na Copa do Mundo de Slam, em Paris, no ano de 2015. Foi na capital mineira que ele organizou, até 2017, com o Coletivo Cabeçativa, o Sarau Cabeçativa, projeto que circulava por praças da cidade.

O futuro

Desde o surgimento do Coletivoz em 2008 até os dias de hoje, muitas mudanças ocorreram. O Coletivoz, por exemplo, ocupou outros lugares do Barreiro como o Bar do Bozó, centros culturais e praças, até chegar ao The Wall Pub, lugar onde ocorrem, atualmente, as edições do sarau. Outros grupos surgiram na cidade e alguns, que já existiam mapeados na pesquisa da poeta Camila Félix, passaram por alterações ou deixaram de existir. Em paralelo, surgiu em Belo Horizonte, a partir de 2013, os slams (batalhas de poesia), que, assim como os saraus, rapidamente se espalharam por todo estado de Minas Gerais. Segundo o mapeamento de Camila Félix, atualmente há cerca de 17 slams.

Os saraus e os slams passaram, ao longo desses anos, a ampliar suas ocupações, realizando atividades em escolas públicas. É o caso, por exemplo, do Slam Interescolar, que reúne jovens poetas de escolas públicas numa grande competição de poesia. É fato que todo trabalho executado pelos saraus, seus poetas, grupos e coletivos contribuíram para a popularização da poesia na cidade, além de colaborar com o estímulo à leitura e possibilitar o surgimento de inúmeras autoras e autores de Belo Horizonte.

Outro ponto importante é o fato de os saraus também terem se tornado espaços fomentadores de uma produção editorial independente. Para a escritora e doutora em Educação Flávia Péret, há nos poetas uma vontade de registro e de divulgação de seus escritos: “Eu via muito isso nos saraus, a necessidade das poetas e dos poetas de ter um zine, de ter uma publicação, por mais simples que ela fosse viabilizada do jeito que fosse, com xerox, artesanal, pra fazer esse registro do poema que foi falado e também espalhar a palavra para além daquele momento.”

Se, por um lado, muitas autoras e autores, ao terem seus livros publicados e levados às livrarias, desconhecem seus leitores ou sentem dificuldade de encontrar as pessoas que leem suas literaturas, por outro, os saraus, segundo Flávia Péret, agenciam uma relação próxima entre as pessoas que escrevem e aquelas que leem: “Se a gente pensar na cadeia tradicional do livro, o que acontece? A gente escreve, o livro é publicado e em seguida chega na livraria. A gente dificilmente vai conhecer quem estar lendo nosso livro. Tem muitas camadas que vão surgir como barreiras intermediando essa relação, nesses casos, mas o movimento de autopublicação em torno dos saraus faz com que essas barreiras não existam. Eu acho muito mágico o contato imediato, presencial, que acontece entre poema, poeta e poema publicado.”

O que podemos dar como certo é que a cena literária de Belo Horizonte se transformou depois dos movimentos de poesia falada. Qualquer pessoa de outra cidade ou estado que questione quem são os poetas de BH terá como resposta uma lista com uma centena de nomes de artistas da palavra, vivos, em movimento, transitando por cada esquina poética dessa cidade.

 

Comida de cerca
Nívea Sabino

couve corre em minhas veias
taioba
cansanção
ora-pro-nobis
comida de cerca

aprendi em casa a
plantar na estiada
e colher em tempos de seca

alastra
pelas Minas Gerais
e por meu peito
tão queijo do Serro, Canastra
é pelo paladar
que a fama do mineiro se espalha

repara
no aroma de alecrim
na minha fala

aprendi lá em casa
com as que vieram antes de mim
que gente preta
tem sempre uma receita

requinte de quem veio guerrear
com as mãos no tempero
erva forte
pimenta do reino

pé no meu terreiro
na força da fé
alimentar e cozinhar
é garantir de pé
os alicerces da nossa memória
a nossa história

e é a melhor forma
de reunir os afetos
pra gente brindar