Revista Marimbondo

Minha voz, minhas histórias

Nas pilastras que sustentam o Viaduto Santa Tereza, centro de Belo Horizonte, veem-se fotos gigantes, em preto e branco, de quatro MCs que fizeram história no Duelo. Uma das homenageadas, dividindo espaço com três homens, é Bárbara Sweet, o único rosto pixado. “Feminazi de merda”, podia-se ler acima da imagem que tentaram apagar. O mesmo viaduto, no entanto, recebia, no dia 8 de março de 2015, outras inscrições. “Sororidade na Veia”, lia-se na faixa estendida acima do palco. “Nós, mulheres (re)existimos”, avisava outra faixa pregada na mureta.

Na noite deste dia, Bárbara, Polly Honorato, Zaika dos Santos, Negra Lud, Lauana Nara, Juliana Felício, Vivi Uais, Clara Lima, Ka.Á, Sarah Guedes, Lana Black, Paige Willians e Brisa Flow dividiram o microfone na DiversaS: 1a Mostra Feminista de Arte e Resistência. Nomes veteranos e iniciantes do rap belo-horizontino, algumas, como Polly e Zaika, estiveram também como principais articuladoras da Mostra [!], inteiramente produzida por mulheres. “Somos clandestinas, por toda a cidade”, cantou Brisa música de sua autoria que denuncia a crueldade da criminalização do aborto, em um dos vários momentos em que o público, predominantemente feminino, acompanhou com braços direitos erguidos, punhos cerrados e muitos olhos marejados. “Meu cabelo enrolado, todos querem imitar”, emendou Lauana Nara com “Olhos Coloridos” à capela no final de sua perfomance, sendo acompanhada em coro por todo o viaduto. “Eu tô segura, não marco tôca, as mentes pequenas acham que sou louca”, avisou Negra Lud, mandando “Marcada pra Missão”, música sua que escolheu para virar videoclipe. Ao final, Polly apontou para a plateia, fez sinal de “vem”, insistiu, e Áurea Carolina, integrante do antigo grupo Dejavuh e uma das precursoras do rap feminino em Belo Horizonte, subiu para cantar com as presentes. “Mulheres descendentes das culturas que vêm das ruas, mulheres descendentes das culturas que vêm das ruas”, entoaram juntas todas as vozes.

[!] Um projeto horizontal, autogestionado e construído de forma colaborativa, sem recursos, que reuniu, de 6 a 8 de março de 2015, em quatorze espaços da cidade – incluindo sete ocupações da luta por moradia – 130 trabalhos artísticos e atividades formativas apresentados por mulheres.

“Fiquei arrepiada o tempo todo, levantava o braço, tipo fazendo ‘uhuuullll!’. Vez ou outra, tinha vontade de chegar lá do lado. Dava umas engasgadas pensando que aquelas mulheres, essas mulheres que estão aqui, são incríveis demais. Também fiquei emocionada de vê-las todas juntas ali no palco, desde Polly e Áurea até a Paige. A Paige é de fazer a gente chorar, né? E elas todas no palco foi um dos desenhos mais bonitos que já vi”, conta a produtora cultural Sílvia Andrade.

Somos clandestinas / por todas as cidades / mulheres, meninas /de todas idades / e de todas cores / e de todas classes / correndo perigo / fruto de um impasse / Quem faz proibido / guarda em segredo / pra não ser julgada / pra não sentir medo / 4 mil sem juros / método inseguro / passando apuro / sangrando no escuro.

“Clandestinas” — Brisa Flow

PAPO RETO
Foi de uma “negona incrível, com um vozeirão grave, topetão, lindona, carismática”, que se apresentava em um reality show norte-americano de música, que Paige pegou o nome que deixaria Ana Bárbara pra trás. “Eu pensei: véio, eu sou assim. Já era única quando eu era mais nova”. Willians, o sobrenome escolhido, completa o nome artístico pelo qual ela, aos 17 anos, começa a ficar conhecida no universo do rap da cidade. Foi no coro do Instituto de Educação de Minas Gerais, onde hoje cursa o 2º ano do Ensino Médio, que a menina de 12 anos, vinda de uma família de artistas e músicos amadores, começou a conhecer sua extensão vocal, a perder a timidez e a despertar o desejo de estudar música. “Comecei a construção do meu eu, do que eu gosto de fazer com a minha voz. Me conheci, me abri pra escrever. Eu quero me ver uma musicista de qualidade”. Ali, ela que antes passava o recreio sozinha e cantando, formou com dois colegas sua primeira banda, mas se sentia backing vocal.

A busca por aprimorar sua técnica a levou ao Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado. Mal acreditou quando passou na prova escrita. Na audição, foi de gospel, Aline Barros, acompanhada pelo pai ao violão. Aprovada no disputado processo seletivo, cursou meio período dos três anos do curso de música. “Tremia nas provas, passava mal, ficava rouca. Me sentia oprimida fazendo aquilo que eu amo”.

Nem backing vocal, nem rouca. Hoje, Paige é a única mulher da banda Quatro Quartos, única mulher da banda Enversos, única mulher a integrar o crew Rumo Certo e a mais recente integrante d’A Corte, banda da qual faz parte a prima distante que o hip hop trouxe pra perto: Polly Honorato. “A Corte no rap é a revolução das minas. A Corte é o hip hop base, Sabotage, é cabulosa. É uma honra ter sido convidada”. Paige Willians, que é “ruim na batalha”, ainda escreve, marca presença nas rodas de freestyle, voltou para o coro do colégio, participa de EPs e videoclipes de colegas que já foram ídolos e dá aulas de canto para rappers. Na Mostra DiversaS, entoou “Papo Reto” – “Ó Zumbi, salve o nosso punho, porque o quê pulsa na minha garganta é totalmente absoluto, e o preto da minha pele não é de luto” – na primeira vez cantando no Viaduto Santa Tereza. “Ali é um palco, né? É um show que você tá fazendo, tem um monte de pessoas e você tem uma intenção. Elas querem ouvir a sua intenção. E é um palco onde surgiu o Duelo de MCs, uma inspiração”.

Além de se tornar uma grande musicista e de representar o bairro Califórnia I, “viva a Noroeste!”, Paige elenca como sonho aprender a tocar piano. “Tinha o sonho de ganhar um skate, mas minha mãe já me deu um”. Ela diz amar sua luta, considera que a mulher precisa de espaço, mas não entende muito bem o que é “esse negócio de feminismo”. “A minha voz é tudo pra mim, eu não me considero feminista, porque eu não entendo muito bem, mas eu luto para que todas sejamos livres”.

MAIS UMA PRETA MARRENTA
“Militando em favor do movimento feminista”, Tamara Franklin e sua irmã Winy criaram, em 2007, o duo H2S2 (Hip Hop Sobre o Salto), que ficou na ativa até 2011 e tinha como uma das marcas a indumentária: vestido, salto alto e maquiagem. No fim da década de 1990, quando Tamara começava sua trajetória como MC, para serem aceitas, as mulheres tinham estilo obrigatório: calça larga, tênis, boné e tatuagens. Escrevendo rap de influência gospel desde os sete anos, ela teve a Igreja Evangélica como primeira escola e o movimento hip hop como segunda. “Cresci na Igreja e escrevia rimando as histórias que ouvia. Coisas que eu via acontecer, mesmo sem ter entendimento do contexto político delas, como o tráfico e a violência, também já entravam na minha música. Eu nunca tive acesso à história do negro na escola, o que me despertou para a nossa história e para me entender como negra foi o rap. Ele acaba assumindo esse papel educador que deveria ser do sistema, é ele que fala o que ninguém quer falar e lida com o que ninguém quer lidar”.

Hoje, aos 23 anos, Tamara prepara-se para lançar seu segundo disco. “Mais uma preta marrenta vinda das ruas, barrenta, do verso sujo e puro, melhor que as letra limpa e nojenta”, rima ela nos primeiros versos de “Anônima”, faixa-título que fez estreia como videoclipe. “Sou sim, mulher simples como a brisa, tipo chinelo no pé, tipo Del Rey borbulha no copo, arroz e feijão no prato, tipo saber que a minha carne é a mais barata do mercado”, completa.

Nascida e criada em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Tamara defende a expansão do rap. “Tudo que é novo assusta um pouco mesmo, mas onde tiver espaço a gente tem que ir. Tem quem veja essa ‘desterritorialização’ como divisão, mas um reino dividido não resiste.

Eu vejo isso como multiplicação de ideias. Hoje tem rap na leste, na oeste, na sul”. “Desterritorialização” do rap, mas com identidade territorial para a mensageira. Ainda em “Anônima”, ela avisa: “eu nasci do lado Norte, cê conhece o Mantiqueira? Eu moro lá pertim. […] A Quadra do Robson é para nós bem mais que ponto turístico. Pedra Branca pra quem não conhece, respeito mantenho. Quer saber quem eu sou, é só saber de onde eu venho!”.

MUITO MAIS FORTE QUE A RIMA
Nascida no Aglomerado da Serra, na Vila Marçola, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, Zaika dos Santos lembra quando acompanhava a mãe cantora nos shows de MPB. “Mulher negra, de óculos fundo de garrafa, na década de 80? Era muito difícil! Eu falo que eu não canto nada. Minha mãe canta pra caralho”. Da infância, colecionou sons – “soul, black music, sambão, bolero, brega” – que vinham da rua e de casa. “O Aglomerado fervia. Tinha o baile da Rádio Favela, era 90, 94. Na minha casa, o costume de domingo era a minha avó dizer ‘desliga a TV, coloca o Michael’, e eu e meu primo íamos dançar Michael Jackson.”

Aos 10 anos, começou a se envolver com o hip hop e, tempos depois, já em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, no bairro Novo Eldorado, articulava posses (“reuniões e encontros para discutir hip hop, trocar conhecimentos, saber o que tava rolando”). Começou a cantar com Vulgo Elemento e com Miss Black, “uma das primeiras, primeiras mesmo”, com quem formou o grupo Estilo Feminil e iniciou uma “nova relação com o hip hop, uma relação de mulher negra”. Há pouco tempo morando na Zona Leste de Belo Horizonte, sente-se estranha. “Vir pro centro é um deslocamento mental, estrutural. Na quebrada, eu ando tranquila”. Deslocamento, aliás, parece ser uma palavra definidora da narrativa da vida.

Ainda em Contagem formou, com Maria Alice e Aline Cecília, o grupo Ideologia Feminina. No primeiro show que fizeram no festival Hip Hop In Concert, convidou a mãe para uma participação especial. Na final, viu o grupo ser escolhido como vencedor e surgir “a lenda de que dois ônibus tinham saído da metropolitana para ver o show”. Aos 18 anos, “arrumou um trampo” de telemarketing para conseguirem gravar em um estúdio. Um ano depois, o Ideologia Feminina era indicado ao Prêmio Hutuz 2008, um dos mais importantes da América Latina, na categoria “demo feminina” (Negras Ativas também estavam na lista).

Zaika ainda fez parte do Coletivo Dinamite, ao lado de seis homens, e do Lealsoundsystem, projeto que se confundia com as personas de seus criadores, DJ Renatito e Lord Pow Mx. Um dos shows memoráveis que fez com o Coletivo foi uma resposta aos próprios companheiros. “Zoavam de uma música que eu tinha, ‘Ciclos e Fluxos’, chamavam ela de ‘Melô da Menstruação’. Descontei no show. Levantei, do peito, um absorvente e um tanto de frase. A música virou o ‘Melô da Menstruação’ mesmo, mas agora tinha respeito”. Zaika, que “não sabe lidar com a menstruação, com esse negócio de ficar sete dias sangrando”, encontrou na escrita a forma de lidar com os incômodos da vida.

Já o show que fez no Baixo Centro, abrindo caminhos para a apresentação de Rico Dalasam, rapper assumidamente gay, chegou a render críticas preconceituosas. “O hip hop é extremamente machista. A mina vai fazer freestyle e o cara manda ela pra cozinha. Os homens criam as disputas entre as mulheres dentro do hip hop. É a maior dificuldade, e os meninos ainda minam a mente das minas! No hip hop lutamos contra o preconceito fincado na veia cultural, mas alguns dos integrantes desta cultura não conseguem aceitar, por exemplo, a homossexualidade ou a bissexualidade de quem está dentro da cultura”.

Performances nos shows e declarações no facebook, ao lado da potência na voz, da força na poesia e do visual – “tenho black power, uso tranças nagô, tatuagens… para alguns sou um deslocamento visual. Para mim, sou o que sou” –, renderam fama de “mina polêmica” mas, sobretudo, ajudaram na criação de uma personagem que provoca fascínio e até certo temor. Polêmica pra ela, no entanto, é a história que se conta da origem do hip hop. “Falam que o hip hop nasceu no EUA. Vamos falar de África, pois a conexão sonora começa lá. Vamos falar de Ajinkra [!]”, comenta, referindo-se à simbologia que usa para reverenciar suas raízes africanas.

[!] Ajinkra é um tipo de escritura pictográfica. Cada símbolo está associado a um conceito, provérbio ou ditado específico da cultura dos akan, grupo cultural presente em Gana, Costa do Marfim e no Togo, países da África ocidental.

MC, vocal de soundsystem e cantora de música eletrônica, Zaika lançou em maio de 2014, o álbum Desabafo, e já se prepara para lançar, em agosto deste ano, o segundo disco da carreira, intitulado Akofena, projeto premiado pelo edital da Funarte Prêmio Hip Hop 2014 e produzido pelo produtor paulistano Dubalizer. “Nossa cultura é do remix.

Eu sampleei tudo que toca na favela no EP Desabafo, mas o Akofena é um sincretismo que dialoga com o afro-futurismo”. Fundindo dubstep, reggae, funk, soul, forró, brega, samba e outras vertentes da música eletrônica, ela interpreta sua guinada ao ecletismo como um desvio dos “clichês automáticos dos que olham as linguagens sonoras das culturas da rua de fora para dentro”. O discurso de Zaika é de resistência. “Quando falo de ‘resistência’ é pra abrir olhos e não estereotipar e criar processos convencionalmente ligados ao racismo. Minha primeira resistência é essa, musical. Mas também tem a resistência simbólica: minhas palavras e até minha autoafirmação, meu cabelo crespo assumido, já são parte da minha resistência”.

Se as palavras que eu canto/ na narrativa inserida / são convenções que limitam / linguística primitiva / onde a essência transborda muito mais forte que a rima / muito mais forte que a rima.

“Mamauê” — Zaika dos Santos

EM RITMO DE URGÊNCIA
Com 15 anos de hip hop, Bárbara Sweet faz questão de enfatizar: “sou MC”. MC e feminista, ter sua foto pixada embaixo do Viaduto Santa Tereza não a surpreendeu. “Eu já esperava por isso, acho que durou até muito tempo sem pixo, tipo uns quatro meses”. Surpreso parecia estar MC Pasquim quando, em setembro de 2014, batalhou com ela na Batalha do Santa Cruz, em São Paulo. “O homem sofre mais violência doméstica, isso é estatística […] eu não sou machista e foda-se as feminista […] e ela é a maior magrela, só capa da chuva, tá ligado truta, das canela fina, só porque é mina não me subestima […] sua ideia é igual a sua voz: fina”, mandou Pasquim. “Minha voz é fina, mas a minha rima é forte […]. Você é um pilantra, qual é essa estatística? Só pode ser baseada em um machista. Aí, é mulher que sofre violência doméstica, é mulher que sofre violência estética. É a mulher que sofre a violência do dia a dia. Você é branco e hétero, não sabe qual que é a da minoria”, respondeu Bárbara, sendo ovacionada. O víde do momento viralizou na internet.

Em 2008, sua primeira batalha foi traumática. “O Vinição falou dos meus peitos. Como que um cara que nunca tinha visto meus peitos tinha o poder de me atingir tanto falando dos meus peitos?”. Foram quase quatro anos sem ter coragem de se arriscar novamente. “Todo mundo gosta quando vê o oprimido virar rei”, resume o sentido da fascinação com a modalidade na qual hoje ela reina, não mais se intimida e considera que as ofensas fazem parte do jogo. “Na batalha, ou você rima ou você perde, e os caras vão no que tem de pior. No seu peito, na sua bunda, na sua banha. Poucos são os caras que fogem disso. Os bons mesmo falam outras coisas, não vão no ataque óbvio, porque esse ataque eu tô cansada de responder, respondi a vida inteira. Sou especialista em ser mulher. Nasci com essa buceta”.

Para criar um espaço menos intimidador para as minas duelarem, Bárbara foi uma das articuladoras da Liga Feminina de MCs, cuja primeira edição foi realizada em 2014, no Espaço Comum Luiz Estrela, e revelou Clara Lima, então com 15 anos, e hoje companheira de Bárbara no coletivo Mina no Mic, que conta ainda com as MCs Ka.Á. e Flokos. A carreira, no entanto, segue em voo solo desde que o Controversas, grupo que tinha com a MC Paula Ituassu, foi desfeito. As duas chegaram a criar no Deputamadre, casa de shows localizada na região Leste, a festa H2 Grrls, só com atrações femininas do rap. Pouco tempo depois, por volta de 2007, o coletivo Família de Rua assumia o Duelo de MCs, e Bárbara abria caminhos participando assiduamente das batalhas de freestyle embaixo do Viaduto. Hoje, pelo menos dez mulheres participam ativamente.

A aproximação com o hip hop começou muitos anos antes da primeira batalha, no início da década de 90, com o ingresso na Galoucura e no pixo. “No meu primeiro jogo no Mineirão, fui na geral. Breja, baseado, tropeiro. Era tudo o que eu queria. Com a torcida, com o pessoal da pixação, eu comecei a me encontrar na rua, a tomar posse do público”. Por volta dos 12 anos de idade, ela, hoje com 29, já forjava carteira de identidade para entrar nas festas de hip hop do Estrela Night Club, casa de shows que ficava no centro da cidade, ia para as “rodinhas de improviso” que rolavam na Praça Sete e “traficava fitinha cassete” com sons como Racionais e Dina Di. “Gravava da Rádio Favela e passava a fitinha um pro outro”. “Quando comecei, o rap era aquele meu amigo que me dava as boas ideias. Agora, eu quero ser a amiga que dá o papo da realidade, da mulher forte e segura de si, para ser o incentivo que as mulheres precisam para ser o que querem”.

Para chegar onde quer, Bárbara tem urgência e segue em ritmo acelerado. “Tenho outro fluxo, outro ritmo”. Recentemente, deixou o emprego no shopping center para se dedicar exclusivamente à carreira – o que a obrigou a voltar com a filha, Cecília, de sete anos, para a casa da família – e se prepara para lançar o primeiro álbum D.O.C.E: Dose Ostensiva de Caligrafia Explícita, para o qual estuda a possibilidade de um financiamento coletivo. Quer viver do rap e acha que está na hora do som “deixar de ser esse nicho, esse gueto, underground. Quero transar ouvindo rap, bater bum bum ouvindo rap”.

No dia 8 de março de 2015, Bárbara assumiu o papel de Mestre de Cerimônias da DiversaS e se emocionou com o encontro de gerações no palco. “Lauana, Polly, Áurea foram as primeiras minas que eu vi rimar na vida. Eu nem sabia que podia, que estava autorizado”. E ela segue, assim como Tamara, Paige, Zaika e tantas outras minas a inscrever novas mensagens e a escrever novas histórias no hip hop da cidade.

Mulheres descendentes da cultura que vêm das ruas / mulheres descendentes da cultura que vêm das ruas / A gente pode criar, esse som que vem do gueto / com respeito, sem preconceito / tentando resgatar, aquilo que é nosso por direito / Conquistar, um espaço verdadeiro / De onde vem a essência que nos criou? / Vem do tambor / vem do tambor / vem do tambor
Atitude de Mulher

 

Em março de 2015, foi lançado em Belo Horizonte o álbum “Desconstrução”, que traz 14 faixas gravadas pelas MCs Zaika dos Santos, Ohana HoHo, Thais Carla, Tamara Franklin, Sarah Guedes, Rose Jah Ve Tdo, Viviane Fyaa, Pry Santos, Luanda Beatriz, Lana Black , Bárbara Sweet , Lauana Nara, Vivi Uaiss e Luana Setragni. A iniciativa é da Produto NOVO, produtora independente localizada na Vila Maria, antes conhecida como Produto Tosco (leia mais em “Os sons ao redor”).