RUA
EDITORIAL
Uma revista que fala de arte e de cultura para além da agenda cultural e da crítica especializada. Uma revista que, livre da urgência do jornalismo diário, se debruça sobre temas e abordagens que muitas vezes são ignorados pelos grandes veículos.
Uma revista que fala de arte e de cultura para além da agenda cultural e da crítica especializada. Uma revista que, livre da urgência do jornalismo diário, se debruça sobre temas e abordagens que muitas vezes são ignorados pelos grandes veículos.
Desses desejos surgiu Marimbondo. Frase da primeira reunião de concepção: “Não sejamos arrogantes. Não teremos como falar do país e nem do estado. Falemos de Belo Horizonte”. Entretanto, a cidade são muitas e jamais conseguiríamos sintetizar aqui todos os seus contextos, nuances, cores e sons. Marimbondo, portanto, é um recorte talvez pouco abrangente dessa realidade. Trata-se do nosso olhar e dos olhares daqueles que com essa publicação colaboraram. Olhares que mesmo amparados por pesquisas podem, às vezes, ainda ser enviesados. Não existem fenômenos generalizados e que afetam igualmente a todos os grupos. Aceitamos, assim, nossa limitação, e não pretendemos trazer “a verdade”. E o que é o jornalismo senão também escolhas subjetivas feitas por editores, jornalistas, fotógrafos e diagramadores?
A cada número da revista traremos um tema. O desta é rua. Para dividir conosco essa edição, convidamos Milene Migliano, menos por sua tatuagem na panturrilha que grita “OCUPE A CIDADE” que por seu interesse pelas culturas urbanas. Durante as discussões iniciais, Milene compartilhou os conceitos de microrresistência urbana e espetacularização urbana. O primeiro diz dos movimentos, mobilizações e gestos que, mesmo por um curto período de tempo, abalam e interrompem os usos dominantes do espaço público. O segundo, dos projetos urbanos contemporâneos que transformam as cidades em cenários homogêneos e pacificados, eliminando a possibilidade da atuação política. Impossível não pensar na arte e nos movimentos culturais não-consensuais como possibilidades de microrresistências que abalam o ideário de uma cidade sem disputas e negociações.
Aliás, vale dizer: essa revista tem uma matéria principal da qual saem várias outras matérias que buscaram aprofundar ou contribuir com um outro olhar sobre os temas, movimentos e fenômenos que elegemos como principais. Uma dessas é sobre o projeto “Torres Gêmeas”, de Recife, que apesar de situar-se para além dos nossos muros, gradis e decretos, compartilha um mesmo território capaz de despertar os sentidos das microrresistências diante dos processos da espetacularização urbana.
Trabalhar graficamente o conceito de hiperlink foi um grande desafio que coube à equipe LAB Design. Todos os que contribuíram nessa primeira edição tiveram a liberdade para realizar, a partir do tema, um trabalho autoral. Nosso desejo é que essa polifonia venha à tona com toda a sua diversidade e, por isso, buscamos interferir o mínimo, preservando a potência dos textos e fotos.