MÚSICA
EDITORIAL
Era início de 2012 quando cerca de 600 pessoas reuniram-se no Teatro Espanca! para celebrar a primeira – e, até agora, única – edição da Revista Marimbondo. Criada por nós, da Canal C, e lançada no hiper-centro de Belo Horizonte, a publicação, que trazia a “rua” como tema, seguiu para 67 cidades do Brasil; foi apresentada na New York University – NYU; foi selecionada para a 10ª Bienal Brasileira de Design, que reconheceu seu projeto gráfico assinado pela Oeste; e experimentou virar também blog – o Mais Marimbondo –, premiado com recursos da Fundação Nacional das Artes.
Para além da agenda cultural e da crítica especializada, mantivemos, nesta segunda edição, a arte e a cultura de Belo Horizonte como focos de nosso exercício jornalístico. “Música” é o tema abordado e buscamos tratá-lo aqui considerando sua dimensão de território, como bem concebeu Josefina Ludmer: “uma noção Eletrônica-geográfica-econômica-social-cultural-política-estética-legal-afetiva-de-gênero-e-de-sexo, tudo ao mesmo tempo. Atravessa os diferentes campos de tensão e todas as divisões, podendo se pensar em fusão”. Nos aproximamos desse conceito com a contribuição do pesquisador Pedro Kalil, convidado a ser o coeditor dessa publicação e cujos conhecimento e sensibilidade fizeram-se alicerce para as escolhas e foram primordiais no lapidar dos assuntos tratados.
Os trajetos percorridos formam a cartografia escolhida – uma em infinitas possibilidades, dada a vastidão geográfica, de sentidos e de sons das muitas cidades que recebem o nome de Belo Horizonte. Esse traçado deseja oferecer um deslocamento do sensível, mesmo que momentâneo. E, ainda que as matérias, as entrevistas e as reportagens possam ser lidas separadamente e em qualquer ordem, é o encontro delas e o diálogo que podem estabelecer entre si que tecem a trama rizomática que se quer Marimbondo.
Um dos percursos tem como elemento primordial a memória. Como Giorgio Agamben nos coloca, o contemporâneo não é somente aquilo que adere ao presente. Reconhecemos o papel fundamental da memória na conformação de identidades e de territórios – e, neste caso, dos recortes musicais que aqui expomos – também porque defendemos que o presente não deve ser construído com o apagamento do passado, como por vezes acontece. No outro caminho, lançamos o olhar (e abrimos os ouvidos) sobretudo para projetos e ações realizados nos anos mais recentes. A maioria dos textos que seguem foi escrita em 2014.
Às leitoras e aos leitores oferecemos esta cartografia, certas de que compartilharemos, ainda tantas outras com vocês – assim como compartilham conosco – nas próximas edições de Marimbondo que não mais tardarão a chegar.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Elias Gibran, Jessica Soares, Mariana Misk, Pedro Kalil, Viviane Maroca e a todas as pessoas que compartilharam – de forma tão generosa – suas reflexões, conhecimento e memória musical, seja por meio de dissertações e teses acadêmicas ou em mesas de bar.