Ampliando a discussão para além da ocupação urbana por meio da cultura e da arte, a rua deve ser vista como potência de si mesma, e não apenas como lugar de passagem, num fluxo de pessoas, veículos e mercadorias. Nem uma representação (“alguns desses movimentos recentes em Beagá parecem mimetizar a rua idealisticamente falando”), nem um encurralamento (“como tem feito a Prefeitura”), mas a rua como ela mesma, um espaço de sociabilidade onde se materializam conflitos, disputas e negociações e que, ao menos em definição, garante acesso e participação igualitários a todos. É o que defende Regina Helena Alves que, além de doutora em História Social, é pós-doutora em Cidades e Culturas Urbanas e coordenadora do Centro de Convergência de Novas Mídias da Universidade Federal de Minas Gerais.
Uma forma de também pensar o espaço público é apresentada por Ana Clara Torres. Doutora em Ciências Humanas, ela é professora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde, há mais de uma década, desenvolve estudos sobre a ação social em contextos metropolitanos. Ela traz uma visão otimista sobre a experiência das reivindicações, protestos e lutas que hoje permeiam os espaços urbanos.
A perspectiva de análise da pesquisadora, apesar de não alicerçada especificamente em manifestações artísticas e culturais, contribui para melhor compreendê-las na Belo Horizonte de hoje.
Se essa rua fosse nossa | parte 4
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novembro de 2011